Suíça: o charme discreto da Corniche

por Antonella Kann

Acredite se quiser : apesar de ter nascido naquela região, não me lembro de ter passeado por este bucólico trecho do cantão de Vaud, conhecido como a Corniche. São vários vilarejos espalhados e encravados praticamente dentro dos vinhedos, com vista panoramica para o Lac Léman. São minúsculas comunidades, lindas casas e antigas construções, ladeando a estreita rua por onde mal passam dois carros.




Você pode entrar por Lutry e ir seguindo a estradinha sinuosa que serpenteia morro acima por muitos quilômetros. Existem alguns restaurantes onde se pode almoçar e jantar, até mesmo estação de trem ( afinal, estamos na Suíça onde estação de trem aparece em qualquer esquina).





O visual é lindo, e mesmo tendo perdido o pôr-do-sol e com algumas nuvens nada amistosas no horizonte, a paisagem não perdeu seu encanto. Uma sugestão: deixe o carro estacionado em algum lugar e faça uma caminhada, até mesmo por dentro dos vinhedos, que é um programa diferentão e divertido. Não se esqueça de olhar pra trás de vez em quando, porque o cenário vai mudando a cada curva.








O mais legal é você ficar mesmo perdido no labirinto desta corniche - que significa promontório, em tradução meio chula - mas é toda uma área que se debruça sobre o Lac Léman e onde o mais interessante são os vilarejos e uma atmosfera de campagne. E´ você se sentir inteiramente fora da cidade, mas a menos de 10 minutos de Pully, Lutry ou até mesmo Lausanne. Até mesmo o cheiro é diferente.





Na medida em que você vai subindo, a rua vai ficando mais estreita e cada vez mais alto você vai acabar vendo apenas os telhados. No horizonte, os cumes dos glaciares com neve eterna - é como estar dentro de um cartão postal. Ou dentro de uma caixa de chocolate.


Veneza em visita relâmpago


por Antonella Kann

Antes de me despedir da Europa mais uma vez, vou contar pra voces minha última visita à Veneza. Já fazia uns dez anos que eu não pisava lá, e para dizer a verdade, pensei que não iria conseguir voltar, pois o tempo que eu tinha na Itália era curto: 48 horas....


No entanto, antes de ir para o aeroporto e pegar um vôo às 4 da tarde, me programei pra dar um pulinho em Veneza, nem que fosse uma visita relâmpago. E foi...Ainda na ponte, antes de chegar à ilha, avistamos apenas 5 transatlânticos ancorados no porto, daqueles gigas, que desovam pelo menos 3 mil passageiros cada um nos labirintos venezianos. Logo estacionamos no enorme parking que acolhe todos os infelizes turistas que se atrevem a dirigir até lá. De cara, são 70 euros para deixar o carro por um dia e 25 por três horas. Mas, fazer o quê? Optamos por não pegar o "vaporetto", que é o equivalente a transporte público e vai levando milhares de turistas amassados que nem sardinhas, mas com um sorriso de cabo a rabo...Afinal, estão navegando pelo Grand Canal, o que não é pouca coisa!



Abordamos um daqueles táxi-boat, que nos cobrou 60 euros pelo trajeto de 25 minutos até a Piazza San Marco, e não adianta barganhar...é um "flat rate" imposto pela máfiazinha das lanchas particulares. Mas, vamos colocar assim, como diria uma grande amiga: é programa! Sim, faz parte do programa, você vai sentadinho num banco de couro vermelha ( e ai de você se ousar ficar em pé encima dela pra fotografar!) com o teto solar aberto e apreciando a paisagem. Que é, claaaaaaro, de tirar o fôlego. Mesmo com o céu meio encoberto, Veneza não perde a sua magia.





Máquina em punho, fiz como todos os milhares de turistas fazem. Clica, clica, clica. As praças estavam abarrotadas, fazia um calor desgraçado, as pessoas se submetem a filas quilométricas, mas...estamos em Veneza. O nosso plano era apenas voltar ao local de origem, caminhando pelos becos e sentindo o ambiente efeverscente desta cidade que não cai na mesmice. Ou pelo menos, continua encantando a todos que a exploram. E´ verdade que tem momentos em que você se pergunta cadê a sua verdadeira essência, principalmente depois que você esbarra com quase todas as grifes disponíveis neste planeta. Veneza se globalizou, se bobear tem até H&M...



Mas, fiquei me perguntando outras coisas sobre a cidade: como fazem pra chamar o eletricista ( e aí eu vi passar uma gondola com todos os apetrechos de um faz-tudo da vida) , como entregam as mercadorias? E os mantimentos? E o lixo? A logística deve ser infernal...




Mas, como o tempo estava voando, não dava pra sentar e comer. Depois de uma pausa para um cappucino, nos restou o melhor da visita: tomar um gelatto, que ninguém é de ferro e afinal, você nunca pode ir à Itália sem tomar pelo menos uma dúzia de sorvete. Ninguém bate os italianos neste quesito e, confesso, se tem alguma coisa que me leva ao delírio, é um suculento e cremoso gelatto de nocciola....




...que é pra deixar Veneza com a sensação de revisitada em ritmo relâmpago, mas melhor do que nada.