por Antonella KannAntes de me despedir da Europa mais uma vez, vou contar pra voces minha última visita à Veneza. Já fazia uns dez anos que eu não pisava lá, e para dizer a verdade, pensei que não iria conseguir voltar, pois o tempo que eu tinha na Itália era curto: 48 horas....
No entanto, antes de ir para o aeroporto e pegar um vôo às 4 da tarde, me programei pra dar um pulinho em Veneza, nem que fosse uma visita relâmpago. E foi...Ainda na ponte, antes de chegar à ilha, avistamos
apenas 5 transatlânticos ancorados no porto, daqueles gigas, que desovam pelo menos 3 mil passageiros cada um nos labirintos venezianos. Logo estacionamos no enorme parking que acolhe todos os infelizes turistas que se atrevem a dirigir até lá. De cara, são 70 euros para deixar o carro por um dia e 25 por três horas. Mas, fazer o quê? Optamos por não pegar o "vaporetto", que é o equivalente a transporte público e vai levando milhares de turistas amassados que nem sardinhas, mas com um sorriso de cabo a rabo...Afinal, estão navegando pelo Grand Canal, o que não é pouca coisa!
Abordamos um daqueles táxi-boat, que nos cobrou 60 euros pelo trajeto de 25 minutos até a Piazza San Marco, e não adianta barganhar...é um "flat rate" imposto pela máfiazinha das lanchas particulares. Mas, vamos colocar assim, como diria uma grande amiga: é programa! Sim, faz parte do programa, você vai sentadinho num banco de couro vermelha ( e ai de você se ousar ficar em pé encima dela pra fotografar!) com o teto solar aberto e apreciando a paisagem. Que é, claaaaaaro, de tirar o fôlego. Mesmo com o céu meio encoberto, Veneza não perde a sua magia.
Máquina em punho, fiz como todos os milhares de turistas fazem. Clica, clica, clica. As praças estavam abarrotadas, fazia um calor desgraçado, as pessoas se submetem a filas quilométricas, mas...estamos em Veneza. O nosso plano era apenas voltar ao local de origem, caminhando pelos becos e sentindo o ambiente efeverscente desta cidade que não cai na mesmice. Ou pelo menos, continua encantando a todos que a exploram. E´ verdade que tem momentos em que você se pergunta cadê a sua verdadeira essência, principalmente depois que você esbarra com quase todas as grifes disponíveis neste planeta. Veneza se globalizou, se bobear tem até
H&M...
Mas, fiquei me perguntando outras coisas sobre a cidade: como fazem pra chamar o eletricista ( e aí eu vi passar uma gondola com todos os apetrechos de um faz-tudo da vida) , como entregam as mercadorias? E os mantimentos? E o lixo? A logística deve ser infernal...
Mas, como o tempo estava voando, não dava pra sentar e comer. Depois de uma pausa para um cappucino, nos restou o melhor da visita: tomar um gelatto, que ninguém é de ferro e afinal, você nunca pode ir à Itália sem tomar pelo menos uma dúzia de sorvete. Ninguém bate os italianos neste quesito e, confesso, se tem alguma coisa que me leva ao delírio, é um suculento e cremoso gelatto de nocciola....
...que é pra deixar Veneza com a sensação de revisitada em ritmo relâmpago, mas melhor do que nada.