A Europa em 2011


por Antonella Kann
A Europa está sob neve, a situação está caótica e porisso não tenho postado muita coisa a respeito. O ano finda, e daqui a pouco o tempo vai se mostrar um pouco mais clemente, esperamos....
Enquanto isso, desejo a voces uma passagem feliz para o ano 2011, e por alguns dias terei um repouso de blogueira. Na minha volta, espero postar várias sugestões para que a Europa seja um dos destinos escolhidos para as férias dos pequenos e grandes. Afinal, o Velho Continente é versátil e esconde inúmeros roteiros diferenciados.
Entre minhas resoluções de viagem para 2011 estão uma esquiada na região de Alta Badia, nas montanhas Dolomitas; uma caminhada na Eslovenia; uma fugida para Malta; um pulinho na ilha de Creta...Tudo isso será compartilhado com voces....
Se o tempo ajudar....

Um Relais & Châteaux que emana paixão em Coimbra: a Quinta das Lágrimas.


por Antonella Kann

Assim que a gente coloca os pés no belo saguão desta mansão aristocrática, a vibração é intensa : logo na entrada, nos deparamos com o vestido de D. Inês erguido num manequim. Pra quem é muito sensível, vá se preparando pois pode até dar uns calafrios. Coitada, morreu tão tragicamente, pagando pela sua grande paixão...proibida!!!



Pois a história da rainha morta é real e todo o cenário também: entre no túnel do tempo e chegue em Portugal na Idade Média, quando o príncipe era dom Pedro; seu pai, o rei , era Dom Alfonso IV e a fidalga sua prima D. Inês de Castro. Grande parte desta história de amor foi vivida em Coimbra, mais especificamente nos arredores de uma quinta onde está erguido um palacete construído no século 18 e hoje abriga um sofisticado hotel da rede Relais & Chateaux. Emoldurada por um magnífico parque de 120 mil metros quadrados, a Quinta das Lágrimas ainda emana a história desta paixão.



No restaurante Pedro & Inês, que ostenta uma estrela Michelin, o cardápio é sofisticado e saboroso.



A Rainha Morta, como é mais conhecida esta fidalga, causa uma impressão bem forte...Logo imaginamos as cenas dos encontros secretos, das juras de amor , do desfecho bruto e do cenário de desolação após a sua morte.

Na recepção, uma escultura da Inês, talhada em pedra, nos remete novamente ao passado e a lenda vivida entre os ilustres personagens. E´ que, apesar de Pedro e Inês não terem conhecido este palacete, deixaram suas auras no espaço. Todo o ambiente, a decoração , a sobriedade dos longos corredores, o pé direito alto, o pátio interno e os magníficos jardins são dignos de realeza.


Os corredores, longos e largos, ocultam as acomodações de luxo, amplas e confortáveis, com vista para o jardim e o green.



Hoje, quem também se delicia regiamente são os golfistas, que encontram ao seu dispor, ao pé do hotel, um campo de golfe pitch and putt de 9 buracos e mais um putting green . Além disso, o Quinta das Lágrimas atrai uma clientela pela gastronomia renomada de seu restaurante, o Arcadas, onde o destaque é o menu degustação, intitulado – voce adivinhou! – “Pedro & Inês” . E que tem tudo para propiciar muita alegria aos comensais.



Hotel Quinta das Lágrimas
Rua Antonio Augusto Gonçalves s/n
http://www.quintadaslagrimas.pt/
lagrimas@relaischateaux.com








Restaurante Dinner, de Heston Blumenthal, abrirá 31 de janeiro em Londres

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por Alexandra Forbes

Definitivamente, o allure dos restaurantes em hotéis, depois de anos de decadência, voltou com tudo em Londres. Mais especificamente, há dois cinco estrelas de peso – o Mandarin Oriental, em Knightsbridge (na foto acima), e o The Berkeley, em Mayfair – investindo pesadamente em chefs estrelados. O último a entrar em cena foi o grande Pierre Koffmann, cujo novo bistrô no hotel The Berkeley alçou-o de medalhão semi-aposentado a assunto de todas as rodas gastronômicas.


Já falei aqui no Boa Vida do Bar Boulud, delicioso restaurante francês do chef Daniel Boulud, inaugurado em maio passado no Mandarin Oriental.

Mas agora, quem vai estrear no mesmo Mandarin Oriental vai ser ninguém menos que Heston Blumenthal. Aposto que será O acontecimento gastronômico de 2011 na capital inglesa. E corram: a linha para fazer reservas abriu ontem!! Meu conselho para quem estiver planejando ir a Londres? Ligar já, ou reservar online, antes que não sobrem mesas!






O restô de Heston irá se chamar Dinner by Heston Blumenthal. Ele vai basear o menu numa pesquisa dos últimos 500 ou 600 anos de história gastronômica inglesa – ou seja, versões contemporâneas de pratos antiquíssimos.

O novo restaurante será o oposto de seu famoso The Fat Duck. Ou seja: esperem uma brasserie ruidosa, com muitas carnes assadas no espeto como na antiguidade, e alusões estéticas à passagem do tempo. Terá 158 lugares e irá incorporar muito couro e madeira ao décor.




Dinner by Heston Blumenthal
Mandarin Oriental Hyde Park, 66 Knightsbridge,
Tel. + 44 20 7235 2000

Primeiras nevascas em Crans Montana

por Antonella Kann



O inverno dura até a Páscoa na sofisticada estação suíça de Crans –Montana, situada na região do Valais, a apenas 160 quilometros de Genebra.




Nada menos do que 160 quilometros de pistas destinadas ao esqui e snowboard, outros 50 traçados especificamente para os praticantes do esqui de fond, e mais de 40 modernas instalações mecanicas. Isto é Crans-Montana, também conhecida como plateau du soleil , localizada a 1500 metros de altitude, no planalto mais ensolarado do cantão do Valais.



Além dos tradicionais esportes de inverno, existem dezenas de itinerários para quem gosta de passear ao redor de lagos congelados como o Lac de la Moubra, ou em trilhas demarcadas nos bosques, seja simplesmente caminhando na neve ou fazendo uso de uma nova, fácil e divertida modalidade aeróbica, o raquetismo.



Para os mais aventureiros em busca de muita emoção, há programas radicais como voos panoramicos de balão, saltos em parapentes, cavalgadas na floresta e, claro, o heliski. Ainda no quesito nevado, e para quem se contenta com menos adrenalina, há ringues de patinação, descidas em treino e excursões noturnas usando raquetes de neve.




A Cabane des Bois , um simpático chalé no alto da pista dos Violettes, oferece uma vista deslumbrante sobre a cadeia de montanhas, mas é na hora do almoço que os esquiadores afluem para o seu terraço para degustar uma fondue de queijo, regada ao fendant, o vinho regional do Valais. Depois, fica até mais fácil continuar a esquiar.



Nenhum esquiador precisa ficar com medo de subir até o ponto mais elevado de Crans, que está a 2800 metros de altitude. A pista de Bellalui é larga e apenas um pequeno trecho inicial pode aparentar difícil. Mas, vale a pena subir de bondinho até lá, nem que seja apenas para tomar uma deliciosa xícara de chocolate quente e admirar o panorama deslumbrante.



No mes de janeiro se realiza há quase 30 anos o Encontro Internacional de Balões, ou melhor dizer, de montgolfières. Durante tres dias, o céu de Crans-Montana fica enfeitado com as cores vivas dos balões que são trazidos de inúmeros países. Há também a oportunidade de fazer um batismo de voo gratuito, decolando do lago congelado Etang Long. E´ uma experiência que dispensa palavras.




Pensou em passar uma temporada por lá? Visite então o http://www.crans-montana.ch/







As estátuas humanas de Madrid

por Antonella Kann

Bem, como vocês podem notar, continuo em Madrid, apesar de algumas fugas esporádicas quando tenho alforria de dias ou horas.


Perambulo sempre pelas calles da cidade, em busca de algo inusitado ou até mesmo pra ver aquilo que gosto de admirar. Uma delas são as estátuas humanas que se fincam, literalmente, em lugares repletos de turistas.


E é justamente com essa turistada que eles brincam: da imobilidade total, de repente um deles dá um pulo encima de algum pedestre, que por sua vez solta um gritinho...e o resto da turma, que em geral fica rodeando a “estátua”, cai na gargalhada.


Algumas estátuas encarnam soldados e podem até sacar uma “arma”. Outros se movem em camera lenta de tempos em tempo. E em volta deles sempre fica uma pequena multidão, à espera de uma reação qualquer.


O objetivo, é óbvio, é arrecadar um dinheirinho. Afinal, esses artistas de rua são profissionais e já vi algumas vezes eles se “produzindo”. Cada um tem seu ponto.


A maior parte deles fica nas redondezas da Plaza Mayor e da Porta do Sol, redutos turísticos mais freqüentados de Madrid. E´ lá que a turma senta pra degustar tapas, tomar cerveja e fazer shopping. Também é por lá que se concentra o comércio fashion a preços convidativos, do tipo H& M, Zara, Sfera e , claro, El Corte Inglés e a FNAC, onde se pode comprar de tudo um pouco.


As estátuas humanas são, digamos assim, um ícone da cidade, e a cada ano surpreendem pela criatividade. Já vi cada uma de ficar arrepiado. E eles conseguem sempre inovar e merecem cada euro doado!






Os melhores hoteis de Madri: Orfila, De Las Letras, Vincci Soma, etc


Hotel Orfila, em Madri
Por Alexandra Forbes

Pedido de leitor, pra mim, é uma ordem. E a Camille Gimenez está indo a Madri e pediu dicas de bons hotéis com diárias até 300 Euros.

Primeiro, logo me lembrei do Relais & Chateaux Orfila, que embora pertença à pomposa associação até que não custa tão caro... Tem no site deles um pacote de 3 noites a mil Euros que inclui, ainda por cima, vários extras....

Em seguida, pedi ajuda para minhas amigas especialistas em Espanha: Dri Setti, do blog Achados, e Antonella Kann, jornalista carioca globetrotter cuja filha mora lá, co-autora deste blog.

Hotel Orfila, em Madri


Antonella concordou comigo e respondeu o seguinte:
"O Orfila (o único Relais & châteaux em Madri) fica num bairro ótimo (Chamberi) e ao lado de tudo. E pela net vc consegue umas tarifas abaixo de 200 Euros, às vezes. Mas não passa de 300 Euros. www.hotelorfila.com
 
Depois tem o de las Letras (www.hoteldelasletras.com)  que é show de bola, em plena Gran Via. Mas pode pedir andar alto porque é barulhenta aquela área.

O antigo Bauza, na Goya , mudou de nome e dono, deixe eu ver se me lembro....sim, virou Vincci Soma....www.hotelvinccibauza.com     Cinco estrelas, muito boa localização e consegue bom preço. Excelentes roof top suites, um barato!"


E veja os hotéis BBB (bons, bonitos e baratos) recomendados pela Dri Setti no blog dela, o Achados:

Chic & Basic Colors Este achado tem apenas dez quartos decorados com combinações divertidas, entre móveis, paredes e tecidos coloridos. Todos têm TV de tela plana, ar-condicionado e caixas de som para iPods e companhia. A simpática área comum tem internet wi-fi, revistas e jornais.

Laura Os ambientes foram concebidos pelo badalado designer de interiores Tomas Alia, que abusou de papéis de parede com grafias, estampas e cores divertidas. Todos os 36 quartos (alguns dúplex) têm internet wi-fi e cozinha equipada.

Mario Em 2003 o grupo Room Mate inaugurou com este hotel um novo conceito de hotéis, que une design a preços acessíveis e localização perfeita. A biblioteca é o lugar perfeito para acompanhar as últimas tendências musicais. A decoração, como em outros hotéis do grupo, é também assinada pelo designer Tomas Alia, que concebeu ambientes minimalistas e coloridos.

Meninas Este hotel-butique com preços incríveis ocupa um edifício do século 19. A decoração é clássica com um pé no minimalismo. Todos os quartos contam com internet a cabo e as áreas comuns têm internet wi-fi grátis.

Chic & Basic Mayerling Novíssimo, com 22 quartos, é o mais exclusivo da ótima rede Chic & Basic, notória por seus hotéis bons, bonitos, badalados e a bom preço. Segue a mesma linha de decoração minimalista com o predomínio do branco, enfeitado com detalhes em cores vivas. Como mimo extra, o espaço “love yourself” tem academia, solário e Nintendo Wii.

Chic & Basic Atocha Novíssimo hotel com 36 quartos. Segue a mesma linha de decoração minimalista com o predomínio do branco dos outros hotéis da rede. Na sala “help yourself”, sanduíches e outros petiscos para matar a fome fora de hora.

Óscar Mais um da rede Room Mate. Óscar (a personagem fictícia que é o “anfitrião” desta unidade) é um ator bem-apessoado, extrovertido, cosmopolita e boêmio. Ou seja, um típico frequentador de Chueca, perfil para o qual os 75 quartos deste hotel foram concebidos. Numa das apostas mais ousadas da rede, assinada pelo onipresente Tomás Alia, os quartos são decorados com enormes fotos de homens e mulheres nus. Todos são equipados com wi-fi grátis e TV de tela plana. Na cobertura, fica uma das piscinas mais bonitas e animadas de Madri.

Chianti, uma região para 4 estações

por Antonella Kann

Tomando Siena como ponto de partida, o circuito não chega a 200 quilômetros. Procure sempre circular pelas estradinhas secundárias, que margeiam os vinhedos e atravessam os minúsculos vilarejos. Escolha uma cidadezinha para pernoitar e trace um circuito próprio. As distancias em Chianti são pequenas, porém é muito fácil se confundir, pois além das estradinhas sinuosas serem bem parecidas, a sinalização é um pouco confusa naquela região rural. Mas seja lá onde for parar, haverá sempre uma paisagem exuberante.



Mas, considerando que se trata de um dos recantos mais lindos e charmosos da Toscana rural, se perder faz parte do programa e a única surpresa fica por conta da paisagem exuberante que vai ser descortinada atrás de cada curva. Chianti é demarcada ao norte pela cidade de Florença e ao sul por Siena, que fica a apenas 20 km de alguns dos vilarejos mais atraentes da região. Logo após deixar a superstrada Firenze-Siena, é inevitável ( e fundamental) se embrenhar pela topografia montanhosa de Chianti.

O maior impacto é a sensação de estar voltando no tempo, pois a arquitetura local - composta por monumentos, igrejas, cidadelas fortificadas e castelos que datam dos séculos 14, 15 e 16 - permanece intacta. A explicação está em fatos históricos: após a 2ª Guerra, os habitantes das áreas rurais deixaram os seus vilarejos nativos e migraram para as grandes cidades. A região de Chianti ficou praticamente abandonada, mas graças a isso as suas construções seculares não foram desfiguradas pela arquitetura moderna que tanto enfeou os traços de belíssimas cidades.




Até porque a maioria das iguarias da região de Chianti encontradas nas prateleiras – vinhos, prosciutto, funghi porcini (cogumelos desidratados) queijos e óleo de oliva – são produtos relativamente caros. Mas mesmo sem comprar tudo que deleita os olhos, não deixe de entrar pelo menos uma vez naquelas mercearias familiares encontradas em toda cidadezinha, como as de S. Donato in Poggio e Castellina in Chianti .


E falando em guloseimas, gelato rima com pecato – pelo menos no idioma de Dante. A coincidência não é apenas fonética : o sorvete italiano faz qualquer mortal sucumbir à tentação e cometer o pecado da gula. Irresistíveis eles são, estes gelati expostos impiedosamente em vitrines em quase todas as esquinas, numa vasta seleção de sabores que atende por nomes tão cremosos quanto o seu paladar : sorbetto, granita, cassata, amaretto, fiori di latte, zapaione, bacio, fragola, frutti di bosco, nocciola, granito di limone, stracciatella, entre muitos outros que soam ainda mais pecaminosos.








Mas vamos lembrar que Chianti, antes de mais nada, tem uma prestigiosa tradição enológica. Devido às suas origens vulcânicas, o solo arenoso só se presta bem para vinhedos. Banhado por uma inusitada luz âmbar que banha os relevos da natureza, Chianti se transforma num quadro de indescritível beleza. A paisagem hipnotiza o visitante em qualquer época do ano. Nos meses de inverno faz frio, mas não é aquele frio de rachar. De inconveniente, há ventos fortes, mas pouca chuva, e o sol é suave nos dias claros. No outono, aquelas hordas de turistas demandantes já se dissiparam, o que permite rodar pelas cidadezinhas desafogadas.









Chef Inaki Aizpitarte e os melhores restaurantes bistronomiques de Paris




Faz tempo, infelizmente, que não passo uma temporada em Paris, por isso não sou grande expert em bistronomiques (onda relativamente recente), mas pelo pouco que sei posso dizer o seguinte: os bistrots gastronomiques continuam super em alta.

Pra quem pegou o bonde andando, a bistronomia é tendência que já pegou força há tempos em Paris e Barcelona, principalmente, e ganhou embalo durante a última recessão.

O princípio é o seguinte: chef de alto pedigree, com passagens por restaurantes gastronômicos, sai e abre negócio próprio privilegiando um ambiente despojado e menu de pratos simples mas feitos com uma pegada de haute cuisine.

Técnicas e capricho típicos de haute cuisine, menu, vibe e preços de bar de tapas = restaurante bistronômico.

O termo foi cunhado em 2003 pelo crítico gastronômico Sébastien Demorand: "procurávamos uma expressão para descrever um restaurante que aliava a convivialidade e a descontração de um bistrô e o lado "grande restaurante" da cozinha".

Um bistronomique, em essência, serve alta gastronomia num ambiente simples e descontraído. Comida de primeiro nível, preços lá embaixo (jantar de três serviços entre 32 e 45 euros, sem bebidas). Geralmente, os bistronomiques são pequenos bistrôs fundados por chefs que passaram por grandes restaurantes e que, na hora de abrirem o próprio negócio, não tinham nem grana nem disposição pra fazer um lugar grande, chique ou caro.

Quem ganha com essa dos bistronomiques? Eu e vocês, claro.

Já contei aqui que em setembro eu passei quatro dias no mato com um bando de chefs, na Lapônia. Pois estava lá o Iñaki Aizpitarte, um basco crescido e criado em Paris, super charmoso e divertido. Ele é dono, justamente, de um ótimo bistronomique chamado Le Chateaubriand.


Chef Iñaki Aizpitarte no Cook it Raw, evento de chefs na Lapônia

Chefs Iñaki Aizpitarte (à esq.) e Petter Nilsson (do La Gazzetta, em Paris)
Acabei descobrindo uma super novidade: Iñaki vai abrir um outro restaurante desenhado por ninguém menos que o starquiteto Rem Koolhas! Vai fazer parte de um projeto bem ambicioso de hotel com 80 quartos, piscina, club e jardins, que só deve sair do papel em 2012 ou 2013. E às margens do Sena!



Aproveitando que estamos nesse tema, achei que a lista a seguir poderia ser útil....

Os melhores "bistronomiques" de Paris:

Rue Dupin, 11, Sexto arrondissement, tel. 33 1 42 22 64 56
Um dos pioneiros da bistronomie, esse minúsculo bistrozinho tem grandes ambições culinárias. No menu, pratos como crocante de pé de porco com queijo de cabra fresco e alface frisée, e ris (glândula do timo) de cordeiro com fondue de espinafre e molho de lagostins.

Le Chateaubriand, chef Iñaki Aizpitarte
Av. Parmentier, 129, 11o arrondissement, tel. 33 1 43 57 45 95
O chef basco é dos bistronômicos mais audazes e usa e abusa de desconstruções, espumas e molhos inesperados. O serviço tem fama de ser meio rude, a não ser com habitués, mas o brilho do chef compensa a falha.

Spring, chef Daniel Rose
Jantar a 39 euros
Rue de la Tour d’Auvergne, 28, Nono arrondissement, tel. 33 1 45 96 05 72
O chef é americano, de Chicago, mas formou-se na França. O lugar é minúsculo e disputadíssimo. E a cozinha, de autor, pode combinar, por exemplo, escargots, foie gras e beterrabas cruas no mesmo prato.

La Régalade, chef Bruno Doucet
Avenida Jean Moulin, 49, 14o arrondissement, tel. 33 1 45 45 68 58
Jantar a 32 euros
O bistrô foi fundado por Yves Camdeborde, o pai da bistronomia em Paris, em 92. Ele passou por grandes cozinhas – culminando na do Le Crillon, sob a batuta do mentor Christian Constant, e ao abrir o Régalade lançou tendência ao servir um menu a preços ultra acessíveis e com serviço super descontraído. A coisa pegou, forte, e seus amigos chefs resolveram copiar a fórmula. Depois de 12 anos de sucesso ininterrupto, resolveu vender e partir pra outra. Quem tomou as rédeas foi Bruno Doucet (ex-Pierre Gagnaire e Apicius), que prudentemente mateve várias tradições do Régalade: o menu mudado semanalmente, a 32 euros, a terrine caseira servida para quem espera mesa, etc. O prato mais famoso é o soufflé ao Grand Marnier.

Le Comptoir, chef Yves Camdeborde
Le Comptoir, 9 Carrefour de l’Odéon, 6th Arr., Paris; 011-33-1-43-29-12-05
O mais cheio e badalado dos bistronômicos, foi aberto pelo chef Yves Camdeborde depois que ele vendeu o La Régalade, e fica num hotelzinho chamado Relais St. Germain, dele também. No começo da refeição, trazem à mesa um pão inteiro sobre tábua de madeira. Oferecem queijos afinados pela maison Boursault, com acompanhamentos: mel, geléia de pimentão e de blackberry, etc. No almoço e no jantar dos fins de semana, está mais pra brasserie. Mas nos jantares durante a semana vira um mini restaurante gastronômico, servindo menus degustação de 5 serviços a 32 euros. Imprenscindível reservar com MESES de antecedência!


Chez L’Ami Jean
Rue Malar, 7, tel. 33 1 47 -5 86 89
Jantar a 34 euros
Ruidoso, com garçons pouco pacientes e menu às vezes difícil de decifrar. Mas a comida maravilhosa compensa qualquer chateação. Carne de vaca desfiada com creme de cenoura, gazpacho com ravióli, bochechas de porco com penne, etc.



E mais:
Onde comer bem e barato em Paris, por Riq Freire no Viaje na Viagem


Novo bar de tapas do Ferran e Albert Adrià em Barcelona: todos os detalhes!



(Click here to read the English version of this post).

Lembram que eu disse que o El Bulli vai deixar de existir como restaurante no dia 30 de julho do ano que vem, para virar um think tank, ou laboratório de idéias?

Pois bem: Ferran Adrià, que não é de ficar parado, já está mergulhado em um importante novo projeto com seu irmão (e pâtissier) Albert, do qual já falei aqui. Agora, descobri todos os detalhes....

Em primeira mão: eles vão abrir em 11 de janeiro de 2011 um überbar de tapas chamado Tickets, bem ao lado do "cocktail bar" também deles chamado 41o.





Ferran e Albert resolveram instalar tanto o 41o como o Tickets em um bairro chamado Paral.lel, que antigamente era conhecido como a Broadway de Barcelona. Muitos dos teatros se foram, mas os irmãos pretendem, com o nome e o logo do novo bar de tapas, resgatar essa memória.

Os irmãos têm, como sócios no novo negócio, os irmãos Pedro, Borja e Juan Carlos Iglesias, donos do restaurante de frutos do mar Rías de Galicia, entre outros. São eles que vão "operar" o Tickets, querendo dizer que os Adriàs participam ativamente da concepção do negócio, mas não querem cuidar do dia-a-dia.

Albert Adrià, considerado um dos mais criativos e brilhantes pâtissiers do mundo, já vinha se distanciando da alta gastronomia há um bom tempo, desde que pediu demissão do El Bulli de seu irmão Ferran. Ele teve, com sócios, um excelente bar de tapas em Eixample chamado Inopia, que fechou há alguns meses.

Ferran Adrià me contou, pessoalmente, em entrevista recente, que o projeto surgiu justamente da vontade de Albert de sair da sociedade no Inopia e fazer algo maior e melhor. Uma vez tomada a decisão de abrirem juntos o "bar", os irmãos mergulharam em profunda pesquisa sobre a história das tapas. "Tivemos que perguntar: o que são as tapas? De onde vêm? A palavra tapas só surgiu nos anos 1930! E como fazer tapas contemporâneas? Como seriam essas tapas? Esse questionamento estamos fazendo agora, mas sem nenhuma pretensão de mudar o mundo. Fomos aos romanos, aos gregos, ao descobrimento da América.", diz Ferran.

Resultado: as vitrines que dão para a rua incluirão um timeline contando a história das tapas, assim como eles exibirão um antigo dicionário onde aparece, pela primeira vez, a palavra tapa. O interior divide-se em duas áreas. A primeira é um pequeno bar que procura replicar, através de uma iluminação especial, a luz do sol que bate em Barcelona pela manhã e reflete-se no mar. Ali o cliente poderá pedir porções do melhor presunto da Espanha - Joselito, claro - fatiado na hora. E mais: ostras à galega ou com salsa verde, navajas, siri na grelha, cavaquinhas da Costa Brava, navajas e outros mariscos.

O segundo espaço será focado em bebidas. Servirá a cerveja "by Ferran Adrià", Estrella, e vinhos dos produtores favoritos da dupla, como Peter Sisseck, Alvaro Palacios, Juan Luis Cañas, Joan Juvé, Paco Torelló e Marisol Bueno; e de bodegas como Amaren, Numanthia, Muga, Lustau e Castell del Remei). A única vinícola multinacional que constará na lista é a Moët & Chandon.



O terceiro espaço, confesso, me parece um tanto estranho, já que o press release diz:
"entre nós, é conhecido como casa de loucos ou cabana do Marx, e será um pequeno espaço para porcos e pilantras (...) Verdadeiramente apertado, na entrada os porcos e pilantras já escalados para tal receberão os clientes e, se acharem que merecem, declamarão elogios ao estilo dos de Romeu para Julieta".

O quarto espaço, um bar de balcão alto e décor futurístico, servirá chuchis. Pratinhos para comer em uma, duas ou três bocadas, de estilo bem vanguardista. Exemplos: javali com abacate e geleia de menta; sorvete de queijo Manchego; bacon com molho de mostarda e pepino crocante; alcachofra com xarope de queijo Idiazábal e óleo de avelã; manjar branco de amêndoas com consommé de jamon ibérico. 

O quinto espaço, ou A Grelha, parecerá um contâiner de navio. Ali servirão comidas super populares e descomplicadas, como o clássico catalão pa amb tomàquet (pão em que se esfrega tomate e alho, regado com bom azeite).

O sexto espaço vai se inspirar nos parques de diversão de antigamente, com cordões de lâmpadas pendendo do teto, lona de circo e máquinas de algodão doce. Ali será o território de Albert, rei da confeitaria. Doces dos mais diversos, de wafers recheados de sorvete de nougat a morangos crocantes com chocolate branco e iogurte. Carrinhos de sorvete retrôs servirão sorvetes feitos na casa.


www.ticketsbar.es

Novo bar de tapas Mercatbar em Valência, do chef Quique Dacosta


Mais Quique Dacosta.... (dando sequência ao primeiro post, que falava da decisão do chef de fechar seu restaurante homônimo de fevereiro a março).

Não sei quando vou conseguir ir a Valência testar o novo "gastrobar" de tapas dele, o Mercatbar, então achei que seria útil dar um resuminho do que se come lá, nas palavras de quem entende do que fala: o crítico gastronômico espanhol Carlos Maribona. Ele  resume o menu assim:



Nos gustaron especialmente las anchoas, los berberechos en lata, las croquetas, los buñuelos de bacalao, el changurro gratinado, las navajas (enormes) a la plancha, el huevo escalfado con setas y crema de patatas, y los churritos con helado de leche del postre. Lo más flojo, una brocheta de rape insípido, y una escalibada con bacalao y aceitunas negras con las verduras ahumadas en exceso. Buen guiso los callos con garbanzos pero los despojos necesitan algún lavado más. Hay tres arroces, dos melosos y uno caldoso. Probamos este último, con pelota, verduras y pulpitos, rico de sabor pero algo escaso de lo fundamental, el arroz. Los precios son muy competitivos y permiten comer francamente bien a un coste que raramente superará, sin vino, los 25 euros.


Sonhos de bacalhau... berberechos (berbigões)... nham.

Não é divertido o tom dele? Super matter-of-factly ele diz que falta arroz no arroz caldoso, e que o espeto de tamboril é insípido. Já o resto, ele pareceu gostar muito. Aiaiai, tem coisa melhor do que huevo escalfado com setas (cogumelos) e purê de batata?

Chef Quique Dacosta fecha seu restaurante até março, e abre outro em Valência

Quique Dacosta (de avental preto) com Albert
Adrià em visita recente à Lapônia

por Alexandra Forbes

Todo dono de restaurante de alta cozinha tem um sonho secreto de poder fechar para férias e pesquisas durante parte do ano, mas nem todos podem se dar esse luxo. O El Bulli, por exemplo, famosamente funcionava apenas nos verões, até o ano passado.

Pois agora quem resolveu fazer coisa parecida foi o Quique Dacosta, um dos maiores chefs da Europa, dono do restaurante homônimo em Denia, no Alicante, cotado com duas estrelas Michelin (mas merecedor de três, segundo me garantem amigos que estiveram lá recentemente). “Fecharemos dia 1o de novembro por quatro meses para fazer pesquisas, que são tão importantes quanto a criatividade, e minha paixão”, ele me explicou. “Precisava de um tempo sem a pressão do dia-a-dia do serviço ao nível máximo”.

Durante esses meses Quique estará ocupado também com seu novo “restô-mercado” MERCATBAR (Rua Joaquin Costa, 27, Valência, http://www.dacoandco.es/), inaugurado em Valência dia 18 deste mês. Tem legumes e verduras pendurados em cestos metálicos iguais aqueles de supermercado, e três “bares” servindo tapas contemporâneas e clássicas. Como se não bastasse, ele pretente abrir um bar de tapas mas com uma pegada mais vanguardista, também em Valência, em dezembro. O nome: Vuelve Carolina. 
 
Saiu recentemente no jornal espanhol El País uma excelente entrevista com o Quique, em que ele diz, entre outras coisas, o seguinte:

Para conocer la cocina de Quique Dacosta hay que ir a Dénia. En MercatBar lo que hay es una cocina de memoria valenciana, bien hecha... De comer con las manos. La cocina que hice cuando empecé, como yo cocino en casa. Aquí está la respuesta a quienes dicen que los cocineros modernos no sabemos hacer cocina tradicional. Y Vuelve Carolina, que abrirá en Valencia antes de que acabe el año y estará dirigido por Manoli Romeralo, será también un lugar de tapas (también son tapas lo que hago en Dénia) con toque. No hay vanguardia, pero sí un detalle técnico y conceptual que hace que las tapas sean más contemporáneas. Quiero potenciar el concepto de la barra en ambos establecimientos. Yo creo en la barra: no es solo un lugar en el que se come, sino donde se comparte, se vive, hay roce...
Achei que ele mandou muito bem nesta resposta:



P. ¿Quizá porque la alta cocina de vanguardia es solo para una élite?
R. No estoy de acuerdo. La alta cocina no es para la élite, es para la gente. Además, ¿hablamos de élite económica o élite cultural? La alta cocina de vanguardia es un hecho cultural, que ha hecho de la evolución de nuestra cultura lo que es hoy vanguardia. A un restaurante de alta cocina hay que ir como se va a la ópera, a un teatro o a un concierto. Y ese es su éxito: que ha ocupado un espacio del que estaba relegado. La gente se mueve por la cocina como por los museos cuando viaja, sueña con tener su propia bodega... No estoy de acuerdo en que lo que hacemos es solo para una élite. Cuesta lo mismo comer en mi restaurante que su camisa.
Este é um tema muito controvertido, e tem muita gente que, francamente, acha bullshit essa coisa de restaurante como experiência, e não só lugar para se comer algo. Mas eu estou com Quique, acho mesmo que uma refeição magistral tem o poder de comover, de marcar. Vai muito além do simples ato de sentar, comer, matar a fome.

Bom, esse Quique. Acho que é a localização que atrapalha.... Se o restaurante dele não ficasse tão longe dos pólos gourmets espanhóis (Catalunha e San Sebastian) ele seria, se não o top espanhol, um dos cinco melhores do país.

Às margens do Danúbio, Budapeste brilha sob qualquer luz

por Antonella Kann

Por ser descendente direta de húngaros, há quase quarenta anos vou para Budapeste com uma certa frequencia. No inverno, na primavera, no outono, no verão. Em qualquer estação do ano, a cidade é encantadora. Digo isso não apenas por razões sentimentais, pois desde muito a vejo com olhos de turista também. E mesmo nos idos tempos, quando ainda estava encarcerada atrás da cortina de ferro, a capital da Hungria era fascinante.


A paisagem não mudou muito, mas claro que depois do seu ingresso na União Européia, Budapeste se tornou um destino cobiçado. Além do exotismo inato do povo, a gastronomia e a diversidade de suas paisagens, o país é privilegiado pela sua localização.


No ano passado, no mês de junho, ocorreu algo muito curioso, embora típico para os cidadãos: as águas do Danúbio, devido às fortes chuvas que assolaram outras regiões, simplesmente começaram a subir, e dia após dia eu observava o nível do rio alcançar a margem, depois invadir as calçadas mais baixas, até chegar num ponto onde até os trilhos do tram (bonde elétrico e meio de transporte publico) que circula à beira-rio estavam encobertas.

O centro turístico de Budapeste, próximo às margen do Danúbio.



O Danúbio invade até o pé do Parlamento. Poucos barcos trafegam.




Com a maior naturalidade, as pessoas andavam de bicicleta pelo calçadão, evitando as poças, o trafego era desviado dos locais alagados, alguns túneis foram interditados e mesmo assim a rotina de Budapeste continuou como se nada estivesse acontecendo.

Olhando de cima, mal dá para perceber as margens, já engolidas pelo rio.

Aos domingos, no Chain Bridge, tem uma feirinha de artesanato que atrai multidões. Ao longo de toda extensão da ponte mais famosa da cidade, barraquinhas são montadas, vendendo cerâmicas, artefatos de couro e de madeira, e ainda um montão daquelas bonequinhas húngaras, de roupinhas bem coloridas. Se tiver com fome, tem sanduíches, e uma grande variedade de salsichas, temperadas ou não, além de pratos típicos, como goulash e outros à base de páprika.


Nessa época do ano, as temperaturas já não convidam a grandes passeios a pé, mas ainda assim é uma cidade que vale a pena conhecer – até debaixo de neve, quando fica tudo branquinho e bem romântico.