Suíça boa de garfo


por Antonella Kann

Sempre que aterrisso em Genebra, tento programar os vôos para conseguir almoçar ou jantar num dos restaurantes que consta da minha agenda “ secreta”. Como se sabe, na Suíça tem hora pra tudo, e é claro que as refeições não podiam ser uma exceção. Porisso, almoço é estritamente encaixado entre o meio dia e duas e meia da tarde. Isso não quer dizer que você possa chegar às duas e meia pra comer. Não será mais atendido. E´ só a hora de sair do restaurante após ter degustado algumas das delícias que compõem o farto leque de iguarias helvéticas – e vamos tirando fora a fondue, a raclette e aquelas receitas mais famosas. Para o jantar, mesma coisa: ou você senta antes das 9 e 15, ou vai dormir com fome. Com raríssimas exceções.


Há toda uma nova geração de jovens chefs suíços que costuma se esconder nas cozinhas de restaurantes não badalados nas páginas dos guias gastronômicos. Por exemplo, no Restaurant des Arts ( Les Champs Blancs, Chavannes-de Bogis, tel. 22-960 8181 restaurantdesarts@hotel-chavannes.ch ) em Coppet, a cerca de quinze minutos do aeroporto de Genebra, fica dentro de um hotel Best Western chamado Chavannes-de Bogis, de nenhum glamour visível. Porém, sempre que paro lá, seja no jantar ou no almoço, fico pasma com a qualidade da comida, a variedade do menu, a apresentação caprichada dos pratos e da criatividade do chef que vem, diga-se de passagem, cumprimentar um a um os comensais e perguntar se tudo estava nos conformes. Não é legal ? Conheço um bando de restaurantes grã finos ( ou metidos à...) cujo chef sequer se dá ao trabalho de sair de seu casulo.




Outro lugar que transborda de charme é um restaurante que também fica praticamente à beira da estrada, em Bex ( Route de la Lavey), em direção ao cantão do Valais, mas ainda no cantão de Vaud. E´ na realidade um castelo do século 17 que abriga o Hotel Restaurant St.Christophe ( http://www.hotel-restaurant-suisse.com/ tel. 41 24 485 2977), mas o bacana é que as mesas se aninham na antiga torre de vigília. Ou seja, o cenário hiper charmoso – e autêntico - data lá dos idos da Idade Média. E, caso abusar do vinho (beber e dirigir na Suíça equivale a xilindró, sem dó nem piedade!), lembramos que ali também funciona um hotel...butique, recém remodelado, com quartos modernos, wi fi, e tudo que tem direito.


Bem, sobre a comida que é servida por lá, é uma combinação de ingredientes simples – uma boa carne, por exemplo – e sazonais. Ou seja, quando é época de caça, voce vai poder comer cervo, cordona ou se fartar de cogumelos colhidos nas florestas a proximidade... Até uma sopa de cebola vem enfeitada com um adorno de massa folheada. A apresentação dos pratos é de dar água na boca e o sabor exuberante e irretocável. E as sobremesas...bem, peça um “assortissement” ( sortido, com todas que constam do menu) e voce vai querer fazer o resto da estrada correndo pra queimar as calorias. Mas, merece qualquer sacrifício.



Pois é, ainda tem mais alguns endereços bem escondidinhos pra adiantar aos gourmês de carteirinha, mas vamos deixar pra outro post. Muita comida junta pode dar indigestão...rsrsrs.





Four Seasons Park Lane, em Londres: hotel ressurge depois de mega-reforma



Por Alexandra Forbes

Londres tem vivido uma época dourada na hotelaria. Não só há uma série de cinco estrelas com inauguração prevista para 2011 – entre eles o 45 Park Lane, quase vizinho ao Dorchester – como alguns velhos clássicos voltaram à cena mais luxuosos do que nunca e, principalmente, antenados com os gostos atuais.

Há algum tempo, neste espaço, contei da reinauguração do The Savoy, um ícone londrino que passou por uma metamorfose multimilionária. E agora há pouco foi a vez do relançamento do Four Seasons Park Lane, que havia sido fechado em 2008 para extensas reformas.

Muita coisa mudou para melhor. O spa foi do porão para o décimo andar e tem super vistas para o Hyde Park e janelões panorâmicos, por exemplo. O número de quartos foi reduzido: agora são 192, além de 45 suítes de diversos tamanhos (algumas com lareira e terraço).




O restaurante, Amaranto, tenta uma fórmula nova e fluida: cada um come mais ou menos formalmente, no horário que quiser, podendo até escolher um de três ambientes diferentes – não é preciso reservar. Um híbrido de lounge e restaurante, de menu italianado, tocado por chef trazido de Roma.

Four Seasons Park Lane: Hamilton Place, Park Lane, Tel. 44 (20) 7499-0888

Èze em tempo de primavera

Por Antonella Kann

Procurei logo na web pela temperatura na Côte D´Azur. O sul da França é, pour ainsi dire, bem mais protegido das intempéries do que Paris e adjacências. Faz um tempinho que conheci uma cidadezinha muito fofa, a poucos quilometros de Nice, onde dá para passar o dia, uma tarde, pernoitar, passar um fim de semana a dois, enfim, um lugarzinho para recomendar.








Chama-se Èze, e é um vilarejo medieval encravada num promontório, onde não entra carro, não passa nenhum veículo motorizado e quem quiser que suba a pé pelas ruelas calçadas de pedras.









Ladeadas, claro, por lojinhas para turistas, restaurantes e cantinhos aconchegantes para tirar fotos.




Vai subindo toda a vida, até chegar no cume. Porque vale gastar as calorias, que depois serão regiamente repostas com um almoço gastronômico no Chateau Eza, onde voce precisa pedir uma mesa no terraço ( vista um bom agasalho que dá pra segurar o frio) e admirar a vista que se descortina lá de cima. E´ um panorama sobre praticamente todo o litoral, e mesmo no finalzinho do inverno, é maravilhoso.
Mesmo com um pouco de friagem, acho que pode ficar muito romântico.













Os melhores hoteis do vale do Douro, em Portugal: Romaneira, Quinta do Vallado, etc.


por Alexandra Forbes


Ano vai, ano vem e eu sigo com uma vontade crescente de embrenhar-me no vale do rio Douro, em Portugal. Pegar um carro ou trem, subir de Lisboa até o Porto - ponto de partida para qualquer expedição pelo Douro - e dali percorrer as vertiginosas estradinhas que beiram o vale profundo que corta a terra semi-árida daquele encantador pedaço de mundo.

O vale foi considerado durante séculos um canto pitoresco mas pouco glamouroso da Europa, famoso apenas pelos vinhos do Porto. Mas isso está mudando – e rapidamente. Trata-se, simplesmente, de uma região deslumbrante que vive grandes transformações, em plena ebulição. Querem prova? Então não deixem de assistir esse vídeo (com a banda larga vagabunda que se tem no Brasil, há que esperar um pouco para dar tempo de baixar direito, assim o filme passa sem interrupções).




Lindíssimo, não? A cereja no bolo é a seguinte: o Boa Vida tem um leitor, o Miguel Santos, que mora… no Porto! E, com sorte, vai me ajudar a bolar o roteiro ideal...


Difícil vai ser escolher onde ficar.... 
Se antes quase não havia hotéis bacanas naquela região, os últimos dois anos foram repletos de inaugurações e agora há muita escolha de lugares para se hospedar em grande estilo. Entre os melhores novos hotéis estão o Aquapura (da mesma família portuguesa que esteve enroscada com aquele elefante branco – ou cinza – em Itacaré), o Romaneira Quinta dos Sonhos e a Quinta do Vallado (em cuja homepage as intruções são claras – mova o rato (!!!) sobre a imagem).

A seguir, alguns dos melhores hotéis:


Aquapura Douro
Quinta do Vale do Abraão, Samodães, Lamego, 254-660-600, aquapurahotels.com
Da mesma família dona do Aquapura de Itacaré, o elefante cinza que foi embargado pelo Ibama. Segundo a Food&Wine, “fica do outro lado do rio de Régua – uma virtude, porque de longe, especialmente sob a luz da lua, Régua é um charme. O hotel é uma quinta do século 18 que foi reformada num estilo vagamente asiático. Dos quartos se tem vista para o rio Douro através de vidraças do chão ao teto”.





Quinta da Romaneira Cotas, Alijó, 254-732-432, maisonsdesreves.com
Chique no último. Ponto.




E mais três hotéis bacanas no Douro:

Quinta do Vallado (Vilarinho dos Freires, Peso da Régua, 254-323-147, quintadovallado.com. O solar de 1716 tem cinco quartos. 

Quinta do Portal (N-323 Celeirós do Douro, Sabrosa, 259-937-104, quintadoportal.com. O novo armazém de envelhecimento foi desenhado pelo arquiteto Álvaro Siza. 

Vintage House (Lugar da Ponte, Pinhão, 254-730-230, cs-vintagehouse.com, da rede Relais & Chateaux.

Hotel novo em Londres: Corinthia, com vista para o Big Eye

por Alexandra Forbes


Se eu contasse para minha irmã quantos hotéis andam abrindo em Londres – onde ela mora – de bate-pronto, ela responderia: “it’s the Olympics, stupid”.

Savoy, Four Seasons, etc etc etc.

De fato, só pode ser isso mesmo: as Olimpíadas 2012 impulsionando as inaugurações. O fato é que nunca vi tantos hotéis abrindo em Londres na mesma época. Uma verdadeira enxurrada!




O último da leva? O lindinho Corinthia, com pinceladas de verde-ervilha, chique, de frente para a roda-gigante London Eye.


Vi as fotos. Gostei muito. Agora, resta fazer o test-drive!


Corinthia Hotel: Whitehall Place
Tel: +44 (0) 20 7930 8181
E-mail: london@corinthia.com

Irlanda 4x4: uma aventura diferente pela ilha

por Antonella Kann

Quer conhecer a Irlanda de Uma maneira bastante inusitada e barata? Então faça como fiz quando completei, hum, um bom par de décadas. Embarque numa aventura 4x4 a bordo de uma Land Rover, que, além de original, possibilita conhecer as regiões inexploradas da Irlanda, conciliando eco turismo com cultura, diversão e aventura.

Ou seja, estamos falando de um turismo off-road, com direito a visitar fortes e castelos centenários, lagos misteriosos, vilarejos escondidos, vegetação selvagem, cachoeiras gigantes e praias desertas onde se pode até surfar!

Um programa muito apetecedor de apenas três dias, que zarpa de Dublin numa sexta-feira e retorna no domingo à noite. Embora curto, este final de semana envolve atividades ecológicas, culturais e até bucólicas: estavam previstos nada menos do que piqueniques na relva, passeios a cavalo, jogos na areia, caminhadas em trilhas históricas, e, é claro, visitas a destilarias de uísque (afinal, ninguém é de ferro e estamos na Irlanda, certo?).

No final da viagem, você não só conhece partes do país onde poucos turistas sonhariam em se aventurar, como também adquire conhecimentos históricos e geográficos. Além de se familiarizar com vários costumes tipicamente regionais. Mas uma das melhores coisas neste programa off-road são os itinerários, que serpenteiam invariavelmente por estradinhas secundárias, desvendando a cada curva paisagens idílicas e cumprindo o objetivo de fugir de tudo que possa lembrar o turismo convencional.



A bordo de uma Land Rover Defender 130 que pertencia à Força Aérea Britânica, o mentor do passeio, ROb Rankins, a transformou conforme suas caprichosas especificações: o resultado é que o veículo do Vagabond´s Tour é único no gênero no mundo - equipado com 3 fileiras de assentos na sua carroceria fechada, permite transportar até 11 passageiros. No banco dianteiro, vai o Rob e um carona e as malas são levadas numa pequena carreta atrelada ao carro. Basta dizer que Rob levou dois meses para conseguir uma licença... Mas, desde que zarpou, não parou de amealhar prêmios como o melhor “operador” da Irlanda!


E´claro que, nestas circunstancias, digamos, um pouco apertadas, as pessoas se familiarizam em questão de minutos e o ambiente se torna imediatamente íntimo e pessoal. Fora a proibição de fumar a bordo, não há nenhuma regra imposta e nem assento marcado: a cada parada, a disposição pode ser modificada conforme o desejo de cada um. O itinerário do primeiro dia é cruzar de Dublin para a região do Connemara e mergulhar os pés nas águas ( frias) do Atlântico antes do pôr- do- sol. Ou seja, literalmente atravessar a ilha de sudeste ao leste. Partindo da capital rumo ao mar, percorrendo cenários em contínua mutação,você acaba percorrendo cerca de 300 quilômetros em pouco mais de 10 horas. Puxado, é verdade, mas com sol o dia todo presente, vale a pena o esforço.







O percurso traçado pela Vagabond leva o grupo para as regiões mais intocadas da Irlanda, pelas praias, estradas de terra e terrenos pedregosos proibitivos para veículos não tracionados. Durante três dias, o esquema do programa inclui inúmeras paradas estratégicas : entre os pit-stops, que tal tomar umas pints de Guinness em algum pub perdido nas colinas? Ou esticar as pernas para trilhar um caminho no meio das rochas? Ou relaxar na hora do almoço para um piquenique?? Na agenda ,também constam passeios a cavalo à beira-mar e, é claro, um montão de castelos para visitar. Sem mencionar, caso o tempo fique bom, o direito de participar de um jogo nada convencional chamado o Vagaball, mais uma criação do nosso inventivo Rob, que se outorga o direito autoral desta espécie de futebol de areia.

As acomodações durante estes tours são usualmente em típicos B&B, (bed-and-breakfast) o típico cama-e-café-da-manhã, onde se pode desfrutar da charmosa atmosfera e inegável hospitalidade irlandesa por uma diária bem razoável.






Em lugares tão remotos da Irlanda, é possível encontrar estabelecimentos charmosos oferecendo culinária refinada e de qualidade. E´ o caso do vilarejo de Westport, no Condado de Mayo, que sequer tem uma rua principal, porém vários restaurantes especializados em frutos do mar.
Infelizmente, você não pode contar com o tempo bom e constante na Irlanda, muito menos na primavera. Apesar da sorte de ter tido um primeiro dia ensolarado, na manhã seguinte já não se conseguia enxergar nenhum pedacinho de céu azul. Pelo contrário, chovia potes.
De forte em forte, lago em lago, vilarejo em vilarejo, pub em pub, muita Guinness, e três dias depois, está na hora de retornar à Dublin. Mas não sem uma derradeira visita a uma destilaria, desta vez a mais antiga do mundo - a Kilbeggan. Mas, convenhamos, não seria possível você se vangloriar de ter percorrido quase mil quilômetros e conhecido quase toda a Irlanda sem ter tomado chuva e no mínimo três doses de uísque nacional.