Galeries Lafayette em Paris: novo departamento-mega de sapatos



Desde que o mundo é mundo Paris tem as melhores maisons de moda e algumas das mais belas lojas do mundo – Marie Antoinette que o diga! Há décadas, as bem-vestidas que querem atualizar o closet com a última bolsa Chanel ou Dior vão às boutiques da aristocrática avenue Montaigne, por exemplo. Mas para aquele dia de fashionismo explícito, quando se quer ver e experimentar tudo o que é moda lá fora, não há loja que ganhe das Galeries Lafayette – sim, onde fica a famosa e deslumbrante cúpula de vitral neo-bizantina, um marco de Paris.




   Chanel e Dior estão lá, claro, mas seria mais fácil tentar descobrir alguma grife bacana que não esteja presente na maior loja de departamentos do mundo : são 350 marcas, das quais 45 vendidas ali exclusivamente. A Lafayette, ocupando 15 mil metros quadrados é, simplesmente, a segunda atração parisiense mais visitada depois do Louvre! É caso para ir preparada, de bolsa bem grande e sapatos baixos.


   Por falar em sapatos, o dernier cri é seu imenso espaço inteirinho dedicado a eles, recentemente inaugurado no primeiro andar, com décor do celeb-designer Patrick Jouin.



Duvido que exista algum escarpin digno de nota que não esteja lindamente exposto em suas prateleiras. São nada menos que 12 mil modelos, de 150 marcas diferentes, inclusive inúmeras vendidas ali com exclusividade, como Walter Steiger, Bally, Annabel Winship, Michel Perry, Giuseppe Zanotti, Fratelli Rossettii e Paul Smith. Neste inverno, o que mais se vendeu ali foram botas, desde as emborrachadas às sensualíssimas cuissardes.



   É sapato para deixar zonza até a mais ferrenha shoe lover. Uma sugestão? Vá sem pressa e procure o salon d’essayage. Depois de devidamente instalada na saleta privativa, com sua própria poltrona, espelho, etc, vá pedindo à vendedora para trazer tudo aquilo que o capricho mandar. E ao fim da maratona, presenteie-se com uma visita à boutique anexa ao salão de sapatos, a Macarons & Chocolats, para um cafezinho revigorante e um macarron como só o mestre pâtissier Pierre Hermé sabe fazer.


Galeries Lafayette : 40, Boulevard Haussmann, tel. (33-1) 4282-3456, www.galerieslafayette.com

Portofino, um porto de fino trato na Ligúria

por Antonella Kann

Eu imagino que o leitor deve achar que vai tomar um chá de Itália, mas também tenho certeza que vão nos desculpar. E´ que nesta época do ano e até início de novembro, este país ( talvez mais que qualquer outro da Europa) é tão versátil e oferece tantas opções de viagens que dificilmente a gente consegue evitar o impulso de pinçar e contar pra voces sobre alguma coisa legal . Principalmente porque a gente quer mostrar algo atraente pra quem sabe ( e quer! ) viajar com um diferencial. Veja, por exemplo, este antigo vilarejo de pescadores, com pouco mais de 600 habitantes: Portofino se transformou ao longo das últimas três décadas num refúgio de milionários e personalidades do jet set internacional, que arremessaram a cotação de todo e qualquer metro quadrado disponível para a estratosfera.


Localizado a pouco mais de 32 quilômetros da agitada cidade de Gênova, este charmoso porto em formato de ferradura fica no ponto extremo de uma península situada na Riviera del Levante, na costa da Ligúria.

Emoldurada por um cenário idílico de pinheiros, ciprestes e oliveiras, a pequena marina é cravejada em toda a sua volta por prédios baixos, estreitos e coloridos, construídos tão grudados uns aos outros que é difícil distinguir a qual pertence cada janela.



Também fazia sentido pintar os prédios com cores vivas, com a intenção de ajudar os pescadores que, ainda mar adentro, podiam distinguir de longe as suas moradias. Quanto ao fato das construções serem tão coladinhas, vale uma explicação folclórica: era por comodidade, assim ninguém precisava descer para confabular com seus vizinhos, ou então, quem sabe, tornava mais prático fazer escambos de janela em janela.



Mas tudo em Portofino exala glamour. Com as suas minúsculas dimensões, é um microcosmo de toda a magnificência que uma cidade grande é capaz de transplantar para a beira do mar. Basta uma volta a pé pelo porto, de onde os carros foram banidos, para absorver esta atmosfera. No quesito hospedagem o luxo extremo é o Splendido ( www.splendido.com) majestoso no alto do morro, com a sua vista indevassável sobre o Golfo de Rapallo. O hotel, cuja diária mais em conta ultrapassa os 1000 euros , faz jus ao nome e às suas estrelas.




Quanto ao shopping local que salpica cada cantinho da marina, há dezenas de butiques de luxo ostentando em seus letreiros as griffes mais caras e sofisticadas do planeta.




Imunes ao zum-zum-zum dos turistas, pescadores locais se concentram em seus pequenos barcos, fumando cachimbo e consertando as suas redes. Assim como os caffès, vários restaurantes costumam espalhar suas mesas na beira do cais, avançando sobre a calçada de paralelepípedos da única piazza. Em determinados momentos , a praça de Portofino pode ficar totalmente deserta – por exemplo, depois do almoço, quando o hábito milenar da siesta faz todo mundo se retirar para uma soneca de quase três horas e o comércio fecha as suas portas. O vilarejo só vai sair do torpor depois das quatro e meia da tarde, pouco antes do pôr-do-sol, definitivamente um momento mágico em Portofino. Há uma luz dourada que incandesce os barcos ancorados, e todo o ambiente parece um quadro idealizado por um dos grandes mestres da pintura italiana.





Castadiva: novo resort em Como de alto luxo com megaspa e piscina flutuante


por Alexandra Forbes

O lago de Como, no noroeste da Itália, tem como âncora o vilarejo de Como (melhor lugar do mundo para comprar gravatas!) e reúne ao seu redor casas deslumbrantes que exalam “old money”. Ao invés de mansões à moda dos novos-ricos, avista-se do lago muitos palacetes em tons desbotados de amarelo ouro e rosa claro, entremeados por escadarias de pedra e jardins minuciosamente cuidados. O único hotel conhecido mundialmente é o famoso Villa d’Este, que mantém a pompa e os rococós do passado. Trata-se, em suma, de um lugar de férias bastante elegante, onde pouco mudou nos últimos séculos.







Daí minha surpresa ao descobrir que acabam de inaugurar um “resort” chamado CastaDiva (nas fotos acima), na margem leste do lago, em um palacete do século totalmente reformado. O Castadiva tem um dos terraços mais românticos que eu já vi, onde hóspedes podem jantar debruçados sobre o lago, enquanto o salão principal do restaurante, o L’Orangerie, ocupa um jardim de inverno inteiramente envidraçado.






As suítes ficam espalhadas pela vasta propriedade, em diferentes “villas” (casas de hóspedes), enquanto o spa é do tipo arrasa-quarteirão: imenso hamman revestido de mosaico de pastilhas, imensa sauna, duchas multicoloridas e salas e mais salas de massagens e tratamentos corporais.



CastaDiva Resort: Via Caronti 69, Blevio, Lago di Como tel. 39 031 3251 1, www.castadivaresort.com

Ile de Ré, uma ilha para todas as estações.

por Antonella Kann


Aposto que voce não sabe identificar esta vista aérea, ou melhor dizer, tirada do alto de uma torre de igreja...adivinhou? Então...




Não fosse a sua famosa vizinha La Rochelle e uma ponte de três quilômetros de extensão que liga uma à outra desde 1988, a Ile de Ré continuaria como no passado, quando consistia apenas de vilarejos de pescadores que viviam afastados da civilização e do tumulto do mundo moderno.



Ainda hoje, a Ile de Ré é bem menos badalada do que muitos balneários franceses e mesmo no período de alta estação – de junho a setembro – é possível explorar com tranqüilidade as pacatas comunidades que circundam a ilha.






Paraíso à beira do Atlântico, a Ile de Ré atrai visitantes o ano inteiro, pois além de suas praias desertas e dunas que chegam a se estender por 20 quilômetros, oferece um atraente leque de atividades esportivas e de lazer que transcendem ao sol e ao calor.






Mas, só como mera informação: a ilha é ensolarada por nada menos do que 2600 horas por ano, fazendo jus ao seu nome Ré, que, segundo uma das teorias dos historiadores, deriva de Rea ou Ra - os deuses do sol !






São mais de 100 quilômetros de ciclovias, entre vinhedos e plantações, bosques e estradas pouco movimentadas...Mas, há quem prefira longas caminhadas para atravessar de uma comunidade à outra através de trilhas ou estradinhas de terra, apreciando a beleza dos campos cuidadosamente arados;






Numa ilha onde historicamente os moradores sempre deram preferência aos cavalos, não faltam oportunidades para uma boa cavalgada; e, também há várias pequenas empresas locais que dispõem de inúmeros programas de pescaria, aulas de vela e passeios em alto mar. Por fim, a quantidade de eventos artísticos, musicais e de lazer preenchem a agenda cultural durante todos os meses do ano.






A Ile de Ré merece que você passe um final de semana, até porque existe uma legião de hotéis (de várias categorias) espalhados pelos portos mais importantes, entre os quais se destaca St.Martin de Ré, um dos mais charmosos, com pequenas lojas encravadas em ruelas estreitas só para pedestres, galerias e restaurantes à beira-mar. E´ aquele típico cenário mediterrâneo, romântico e relaxado e – por enquanto! - à prova do turismo de massa. Dá uma navegada no site : http://www.iledere.fr/


Reykjavik, a baía da fumaça

por Antonella Kann

Reykjavík. Esta cidade não figura nem entre as 51 listadas na seção de meteorologia dos grandes jornais nacionais. Para conseguir pronunciá-la, dá até nó na língua. Mas não pense que é um elo perdido ou um lugar no meio do nada. Trata-se da capital da Islândia, uma ilha localizada na parte mais ao norte do planeta, e que está entre as nações que possuem as menores densidades demográficas, com apenas 278 mil habitantes ocupando 103 mil quilômetros quadrados. Ou seja, menos gente do que em muitos bairros brasileiros. Destes, 170 mil pessoas moram em Reykjavík e o resto se espalha pelas pequenas cidades e povoados que formam um cinturão em volta da ilha.
No meio, não mora ninguém. Sequer construíram estradas. Até por que seriam intransitáveis na maior parte do ano, quando a neve encobre toda a superfície.

No verão, vai à Islândia quem quer ver o sol da meia-noite. Mas o banho quente nas águas da Lagoa Azul é um programa turístico para qualquer idade. E vale para qualquer época do ano.


Em janeiro, chega a outra turma que prefere assistir à aurora boreal, um fenômeno meio fantasmagórico também conhecido como as luzes do norte – ondas de luzes verdes e roxas tingindo o céu estrelado.


Mas o clima é sempre incerto, e a partir de outubro os dias vão encurtando até quando apenas uma tímida luminosidade penetra pela densidão das nuvens durante o inverno rigoroso.



À beira do Atlântico azulado, rodeada por montanhas, Reykjavik é composta de centenas de casinhas multicoloridas, entre as quais despontam algumas torres de igreja. Um charme só. Atrás da Prefeitura, uma das poucas edificações modernas, o lago Tjörn é um reduto de cisnes e patos que saem da água para vir comer na palma da mão. O cenário parece mesmo uma pintura.

Entre as maiores atrações, podemos nos banhar nas águas quentes da famosa Lagoa Azul, admirar imensos geysers e quedas d´água e ainda fazer um passeio pelos campos montando o minúsculo islandês, um cavalo típico de lá e cuja passadinha parece a de um mangalarga marchador.


Paris: a maior "foto" da cidade é 100% interativa e navegável


Quem nunca viu este site tem que ver.

O autor da "foto" chama aquilo de foto, mas eu chamo de panorâmica navegável.

A "foto" foi feita com uma Canon 5D Mark II e uma lente de 400 mm.
No
total, foram usadas 1665 fotos de 21,4 MP, gravadas com a ajuda de um
robô ao longo de 172 minutos.

O resultado? 102 GB de dados convertidos numa foto panorâmica com a ajuda de um
computador com 48 GB de RAM e 16 processadores. 94 horas depois,
estava criada "a maior foto digital do mundo", com uma resolução de
297.500 x 87.500 pixels (26 gigapixels).

Link para a “foto”.

A gourmande Constance Escobar leva brasileiros para comer em Paris


Por Constance Escobar, colaboração especial

Quem frequenta esse blog sabe da minha paixão por Paris e do meu profundo interesse pela cena gastronômica dessa cidade fascinante – eu diria que o assunto é quase uma obsessão pra mim... Não é por outro motivo que acabo de receber um convite especialíssimo. A agência de viagens Gouté, especializada em roteiros gastronômicos mundo afora, me propôs um delicioso desafio: acompanhar um grupo num roteiro personalizado em Paris. A ideia é traçar um percurso de alguns dias por endereços escolhidos por mim, a partir de um tema. A Gouté vem promovendo viagens interessantíssimas dentro desse conceito: um anfitrião monta um programa em torno de um determinado tema e acompanha o grupo nessa jornada. São viagens conduzidas por um time de peso, como Carla Pernambuco, Andrea Kaufmann, Juliana Motter, Heloísa Bacellar, Juscelino Pereira e Alexandra Corvo. Dava pra recusar um convite como esse? Não, não dava...

Bem, sentei pra pensar no assunto e cheguei à conclusão de que minha proposta não poderia ser outra que não a Bistronomie, movimento apontado nos últimos anos como o grande sopro de renovação no cenário gastronômico francês.

Não se trata de um movimento novo. É algo que começou a tomar corpo no início da década de 90, com nomes como Christian Constant e Yves Camdeborde, e que, de lá pra cá, vem ganhando cada vez mais força, por uma simples razão: não há nada mais atual que a ideia de propor ao público gastronomia de alto padrão, que lhes chegue pelas mãos de chefs treinados nas melhores cozinhas parisienses, porém no contexto da leveza e da informalidade de um bistrô, sem a sisudez e as altas contas de um restaurante de luxo. Ao longo de duas décadas, mais e mais profissionais de alto quilate vêm aderindo ao que muitos chamam de reinvenção da identidade da gastronomia francesa, o que já começa, inclusive, a se desdobrar em novas vertentes.


Não tenho a pretensão de concentrar em cinco ou seis dias todos os nomes relevantes dentro de um movimento dessa magnitude. A intenção é pinçar, de um lado, endereços emblemáticos, de outro, nomes que representam, de certa forma, um desdobramento desse mesmo fenômeno, permitindo às pessoas um melhor entendimento dessa revolução pela qual grandes talentos da gastronomia francesa soltaram-se dos grilhões da haute cuisine, levantando as bandeiras da liberdade e da acessibilidade.
A viagem deverá acontecer em abril do ano que vem, mas começa a ser alinhavada desde já. Serão abertas vagas para, no máximo, dez pessoas.

Quem tiver interesse em participar dessa jornada, deve entrar em contato com a Gouté por telefone ou email para maiores informações:

(11) 2476-9224
goute@goute.com.br
www.goute.com.br

Le Maquis, reduto de charme na Córsega

por Antonella Kann
Aninhado defronte ao mar, o Le Maquis não é só um luxuoso hotel com praia particular, ou, como a língua francesa gosta de rotular, les pieds dans l’eau ( os pés na água).


Embora fique debruçado sobre a bela baía de Ajaccio e esteja a poucos quilômetros de um dos principais portos de entrada da Córsega, este charmoso estabelecimento de apenas 25 acomodações desfruta de total privacidade. Membro da cadeia Leading Hotels of the World, o Le Maquis foi concebido na década de 40 graças à tenacidade de sua proprietária, Madame Catherine Salini, que realizou um sonho pessoal e seu projeto de vida propiciando ao mundo a hospitalidade de sua terra natal com o máximo de requinte e elegância.

Brindou a sua seleta e fiel clientela, com a qual criou vínculos de amizade ao longo dos anos, não apenas com um magnífico cenário romântico, mas também com um atendimento de altíssimo padrão. Seu talento nato em receber deixa os hóspedes à vontade. De imediato, são tratados pelo nome e suas preferências rapidamente inseridas no contexto, para que se sintam como em sua própria casa.




As suítes são decoradas individualmente e nenhuma se parece com outra, seja em tamanho ou utilização de espaço. Com raras exceções, todas têm vistas para o mar, varandas confortáveis ou um pequeno pátio privado.

Para quem quer fugir do burburinho e do turismo de massa, viver uma experiência diferente, esquecer do mundo ou se isolar para curtir um programa a dois, este é o esconderijo perfeito. E’ aquela genuína vida do dolce farniente, que já começa com o café da manhã servido no conforto do seu quarto até às onze; é poder se embrulhar no roupão felpudo para devorar um bom livro, ou lagartixar na praia com as águas convidativas do Mediterrâneo aos seus pés, aproveitando as espreguiçadeiras para se deleitar com o sol ou se proteger dele debaixo de grandes ombrellones.




Quanto ao quesito apetite, é claro que ele vai acabar surgindo após uma boa nadada, mas daí é só subir alguns degraus para comer no restaurante do hotel, o L’Arbousier, que serve desde especialidades regionais da ilha a receitas internacionais. O nome do hotel, inclusive, tem duplo sentido, pois se refere tanto à vegetação nativa da ilha de Napoleão quanto ao rótulo dado aos combatentes da Resistência durante a II Guerra Mundial. Sem dúvida uma homenagem a quem batalhou por uma boa causa. Assim como a própria Madame Salini, que com a mesma garra superou todos os obstáculos para construir um hotel onde pudesse conciliar um ambiente de mordomia e luxo à sua maneira descontraída.


Ademais, faz parte do programa se familiarizar com a história do Le Maquis, intrinsecamente ligada à vida de Madame Salini, uma mulher empreendedora e corajosa que hoje, octogenária em plena atividade, é presença marcante em qualquer recanto do hotel. Dona de uma energia contagiante e repleta de projetos – como um sofisticado SPA de 400 metros quadrados a ser concluído ainda no final deste ano - encanta qualquer um com seu repertório de casos, anedotas e fatos históricos que vivenciou dentro e fora do estabelecimento. Um personagem em si, a anfitriã impregnou cada pedacinho do Le Maquis com o seu carisma.


Le Maquis, Porticcio, Córsega ( França)
www.lemaquis.com
info@lemaquis.com
No Brasil: Leading Hotels of the World
www.lhw.com
tel. 0xx 11- 3171 4030



Ferran Adrià abre restaurante em Barcelona em outubro com seu irmão Albert


Por Alexandra Forbes

Estou armando uma viagem para Barcelona agora em setembro, porque consegui aquilo que é quase impossível: uma mesa no restaurante El Bulli, ali perto, do chef mais famoso do mundo, Ferran Adrià. Para quem ainda não sabe, o El Bulli vai fechar ano que vem – então era um caso de agora ou nunca, mesmo!

Mas Ferran Adrià, que não é de ficar parado, já está mergulhado em um importante novo projeto com seu irmão (e pâtissier) Albert, do qual ninguém no Brasil parece saber. Ele resolveu criar um restaurante em outro estilo, bem casual, que vai abrir em outubro em Barcelona, perto da estação de metrô Paral-lel:









Quem deu a notícia em primeira mão foi o Pau Arenós, amigo do chef e importante crítico gastronômico. No jornal El Periódico, ele disse: “Albert em outubro cortará a fita do novo negócio, em associação com Ferran e os irmãos Iglesias, Pedro, Borja e Juan Carlos, donos do Rías de Galicia. Ele diz que (o restaurante) “fica em Paral-lel e ainda não tem nome. Vai medir 300 metros quadrados e terá quatro bares. Um servirá petiscos fritos, frutos do mar e jamón. Outro, montaditos. O terceiro será dedicado a parrilla e há mais um só para sobremesas, isso é muito importante”.

Albert Adrià, considerado um dos mais criativos e brilhantes pâtissiers do mundo, já vinha se distanciando da alta gastronomia há um bom tempo, desde que pediu demissão do El Bulli de seu irmão Ferran. Ele teve, com sócios, um excelente bar de tapas em Eixample chamado Inopia, que fechou no último fim de semana, justamente para Adrià poder se dedicar integralmente ao novo restaurante.

Aqui, link para o texto na íntegra de Pau Arenós.

Restaurante Mugaritz, em San Sebastian, Espanha, do gênio Andoni Aduriz


Chef Andoni Aduriz (à dir.) com Ferran Adrià (à esq.) e Joan Roca
no 50 Best de 2010, em Londres




por Alexandra Forbes



Andoni Aduriz. Mais conhecido simplesmente como Andoni, é chef sério,  introvertido, estudioso, aplicado, filosófico.

Seu restaurante Mugaritz, em San Sebastian, país Basco, está entre os melhores da Espanha.


Foto: Kathryn Yu

Eis a trajetória do Mugaritz, resumida:

1998 – inauguração
2000 – 1a estrela Michelin
2005 – 2a estrela Michelin
2006 – fica em 10o lugar no 50 Best (50 Melhores Restaurantes do Mundo)
2007 – publicação de Diccionario Botánico para Cocineros, sétimo livro de Aduriz
2010 – Fevereiro: assustador e traumático incêndio na cozinha; abril: 5o lugar no 50 Best
junho: reabertura após reforma/restauro


Andoni é profundo conhecedor de seu entorno, de plantas e bichos e principalmente flores e ervas. Vê a natureza ao seu redor com olhos de filósofo:


“Ao meu modo de entender a gastronomia, o papel desempenhado pela natureza não é meramente decorativo ou tangencial, pelo contrário: trata-se de uma questão central, pois ao cozinhar não fazemos mais do que propor nossa interpretação  dela.”


Trata-se de um chef que conhece intimamente seu terroir.  Que tem relacionamentos verdadeiros com pescadores e açougueiros, de expert pra expert.

Aduriz faz parte de um novo movimento gastronômico chamado Neonaturalismo, que inspira-se na natureza, e presta homenagem a ela, tanto ao colocar no prato ingredientes cuidadosamente escolhidos e tratados, como ao mimetizá-la nas apresentações.

Exemplos?

"Pedras" que, na verdade, são batatas. No Mugaritz.
Foto de Kathryn Yu.


Paus e troncos e gravetos aparecem nos mais diversos tamanhos e formatos nos pratos neonaturalistas. Como neste prato abaixo, que parece um pedaço de pau largado na praia. Na verdade, o “pau fossilizado” é salsify, um tubérculo longo e estreito.


 Salsify fossilizado com ovas e acentos do mar, de Andoni Aduriz. Foto: Kathryn Yu



A vitela servida no Mugaritz é outro trompe l'oeil: os gravetos parecem carbonizados. O “carvão” que aparece no centro é na verdade um tenro pedaço de vitela. A ele Andoni Aduriz acrescenta cinzas de ramos de parreira queimados.

Cortado com faca, o "carvão" revela-se: vitela rosada. Foto: Kathryn Yu


Andoni Aduriz adora usar flores em suas composições. Aqui, são lírios:

Lírio com queijo de cabra cremoso do Mugaritz, por Kathryn Yu


Flores aparecem também nesse prato que parece um caldo quente mas não é:

Caranguejo negro, flores, pistilos de açafrão e gel frio de camarão, do Mugaritz


Se em alguns pratos a natureza surge na forma de um elemento -- uma “pedra”, um “tronco”, uma flor, etc -- em outros o chef dá um “zoom out” e recria todo um cenário, uma paisagem. Os pedriscos, a areia, até o mar -- tudo pode ser incorporado ao “tableau de comer”, ou à natureza morta.

Jantar no Mugaritz, em suma, é uma experiência filosófica que excita tanto o cérebro quanto as papilas.


Un día en Mugaritz from Mugaritz on Vimeo.


Fotos do Mugaritz, por Kathryn Yu.

Mugaritz:
Tels. (34) 943 522 455 / 943 518 343
info@mugaritz.com