Irlanda 4x4: uma aventura diferente pela ilha

por Antonella Kann

Quer conhecer a Irlanda de Uma maneira bastante inusitada e barata? Então faça como fiz quando completei, hum, um bom par de décadas. Embarque numa aventura 4x4 a bordo de uma Land Rover, que, além de original, possibilita conhecer as regiões inexploradas da Irlanda, conciliando eco turismo com cultura, diversão e aventura.

Ou seja, estamos falando de um turismo off-road, com direito a visitar fortes e castelos centenários, lagos misteriosos, vilarejos escondidos, vegetação selvagem, cachoeiras gigantes e praias desertas onde se pode até surfar!

Um programa muito apetecedor de apenas três dias, que zarpa de Dublin numa sexta-feira e retorna no domingo à noite. Embora curto, este final de semana envolve atividades ecológicas, culturais e até bucólicas: estavam previstos nada menos do que piqueniques na relva, passeios a cavalo, jogos na areia, caminhadas em trilhas históricas, e, é claro, visitas a destilarias de uísque (afinal, ninguém é de ferro e estamos na Irlanda, certo?).

No final da viagem, você não só conhece partes do país onde poucos turistas sonhariam em se aventurar, como também adquire conhecimentos históricos e geográficos. Além de se familiarizar com vários costumes tipicamente regionais. Mas uma das melhores coisas neste programa off-road são os itinerários, que serpenteiam invariavelmente por estradinhas secundárias, desvendando a cada curva paisagens idílicas e cumprindo o objetivo de fugir de tudo que possa lembrar o turismo convencional.



A bordo de uma Land Rover Defender 130 que pertencia à Força Aérea Britânica, o mentor do passeio, ROb Rankins, a transformou conforme suas caprichosas especificações: o resultado é que o veículo do Vagabond´s Tour é único no gênero no mundo - equipado com 3 fileiras de assentos na sua carroceria fechada, permite transportar até 11 passageiros. No banco dianteiro, vai o Rob e um carona e as malas são levadas numa pequena carreta atrelada ao carro. Basta dizer que Rob levou dois meses para conseguir uma licença... Mas, desde que zarpou, não parou de amealhar prêmios como o melhor “operador” da Irlanda!


E´claro que, nestas circunstancias, digamos, um pouco apertadas, as pessoas se familiarizam em questão de minutos e o ambiente se torna imediatamente íntimo e pessoal. Fora a proibição de fumar a bordo, não há nenhuma regra imposta e nem assento marcado: a cada parada, a disposição pode ser modificada conforme o desejo de cada um. O itinerário do primeiro dia é cruzar de Dublin para a região do Connemara e mergulhar os pés nas águas ( frias) do Atlântico antes do pôr- do- sol. Ou seja, literalmente atravessar a ilha de sudeste ao leste. Partindo da capital rumo ao mar, percorrendo cenários em contínua mutação,você acaba percorrendo cerca de 300 quilômetros em pouco mais de 10 horas. Puxado, é verdade, mas com sol o dia todo presente, vale a pena o esforço.







O percurso traçado pela Vagabond leva o grupo para as regiões mais intocadas da Irlanda, pelas praias, estradas de terra e terrenos pedregosos proibitivos para veículos não tracionados. Durante três dias, o esquema do programa inclui inúmeras paradas estratégicas : entre os pit-stops, que tal tomar umas pints de Guinness em algum pub perdido nas colinas? Ou esticar as pernas para trilhar um caminho no meio das rochas? Ou relaxar na hora do almoço para um piquenique?? Na agenda ,também constam passeios a cavalo à beira-mar e, é claro, um montão de castelos para visitar. Sem mencionar, caso o tempo fique bom, o direito de participar de um jogo nada convencional chamado o Vagaball, mais uma criação do nosso inventivo Rob, que se outorga o direito autoral desta espécie de futebol de areia.

As acomodações durante estes tours são usualmente em típicos B&B, (bed-and-breakfast) o típico cama-e-café-da-manhã, onde se pode desfrutar da charmosa atmosfera e inegável hospitalidade irlandesa por uma diária bem razoável.






Em lugares tão remotos da Irlanda, é possível encontrar estabelecimentos charmosos oferecendo culinária refinada e de qualidade. E´ o caso do vilarejo de Westport, no Condado de Mayo, que sequer tem uma rua principal, porém vários restaurantes especializados em frutos do mar.
Infelizmente, você não pode contar com o tempo bom e constante na Irlanda, muito menos na primavera. Apesar da sorte de ter tido um primeiro dia ensolarado, na manhã seguinte já não se conseguia enxergar nenhum pedacinho de céu azul. Pelo contrário, chovia potes.
De forte em forte, lago em lago, vilarejo em vilarejo, pub em pub, muita Guinness, e três dias depois, está na hora de retornar à Dublin. Mas não sem uma derradeira visita a uma destilaria, desta vez a mais antiga do mundo - a Kilbeggan. Mas, convenhamos, não seria possível você se vangloriar de ter percorrido quase mil quilômetros e conhecido quase toda a Irlanda sem ter tomado chuva e no mínimo três doses de uísque nacional.