O balé dos cavalos húngaros

por Antonella Kann

No idioma húngaro, Puszta significa uma planície vazia, estéril e gramada. Mas dificilmente se encontra na Europa uma região que seja mais romântica. Esta atmosfera se deve principalmente à sua situação geográfica e a ausência de qualquer tipo de cerca delimitando este imenso descampado, que já foi descrito por um poeta nativo como um “lugar onde a terra e o céu se mesclam um ao outro”.



Situada a apenas 200 km da capital Budapeste, este parente distante dos pampas e das estepes tem um acesso relativamente fácil por uma estrada de mão dupla até Hortobágy, o primeiro Parque Nacional estabelecido no país. Mas Hortobágy é apenas a parte mais famosa desta imensa extensão de terra plana como a palma da mão, por onde não passam nenhuma estrada ou rede ferroviária. Quando chove muito, como no mês de agosto, a planície fica encharcada, com grandes poças d’água.


Mas um dos maiores atrativos é o cavalo Nonius, reputado no mundo inteiro e detentor do título de “cavalo ideal” na exposição de Paris em 1900. Não é de surpreender que, devido à paixão nacional por este animal, e atrelado a uma tradição húngara secular, ainda hoje podem ser vistos manadas selvagens galopando através da imensidão da Puszta.




A estepe húngara só pode ser percorrida encima de uma sela e por força destas circunstâncias gerou cavaleiros excepcionais cujo nome está intrinsecamente vinculado ao da Puszta : os Csikós. Estes famosos e introvertidos caubois nativos são capazes de acrobacias inacreditáveis com os seus cavalos, e se tornaram naturalmente os verdadeiros heróis da grande planície.
Aprendem desde pequenos a manejar o chicote com habilidade e controlar com destreza inigualável as carruagens puxadas por até cinco animais. Na época do comunismo, quando o Estado mantinha grandes haras, os cavaleiros húngaros dominavam este universo. Sendo assim, não é de surpreender que o momento mais emocionante do giro pela Puszta é quando são feitas as exibições típicas dos célebres csikös com os seus cavalos Nonius, rústicos eqüinos convenientes tanto para o trabalho de campo como para a montaria. Embora não dê para negar que seja um show turístico no meio de um descampado, com os cavaleiros trajando a típica indumentária azul e preta, colete e chapéu, a habilidade dessa gente surpreende. Em pé na garupa de suas montarias, mantendo um equilíbrio perfeito em pleno galope, qualquer um deles é capaz de realizar proezas incríveis. Além disso, a comunicação do csikös com o animal é perfeita: já viu cavalo sentar ao simples estalo de um chicote, como se fosse um cachorro ?




Com o fim da era comunista, e naturalmente com o objetivo de promover o turismo eqüestre e atrair mais visitantes, modernos centros de equitação foram implantados nesta região, cuja situação é privilegiada e propicia uma oportunidade única para aqueles que desejam cavalgar sem fronteiras. O vilarejo de Epona, no coração do parque, é um deles. Durante os meses de verão, cavaleiros de várias partes do mundo escolhem esta região para passar férias.