Chef Inaki Aizpitarte e os melhores restaurantes bistronomiques de Paris




Faz tempo, infelizmente, que não passo uma temporada em Paris, por isso não sou grande expert em bistronomiques (onda relativamente recente), mas pelo pouco que sei posso dizer o seguinte: os bistrots gastronomiques continuam super em alta.

Pra quem pegou o bonde andando, a bistronomia é tendência que já pegou força há tempos em Paris e Barcelona, principalmente, e ganhou embalo durante a última recessão.

O princípio é o seguinte: chef de alto pedigree, com passagens por restaurantes gastronômicos, sai e abre negócio próprio privilegiando um ambiente despojado e menu de pratos simples mas feitos com uma pegada de haute cuisine.

Técnicas e capricho típicos de haute cuisine, menu, vibe e preços de bar de tapas = restaurante bistronômico.

O termo foi cunhado em 2003 pelo crítico gastronômico Sébastien Demorand: "procurávamos uma expressão para descrever um restaurante que aliava a convivialidade e a descontração de um bistrô e o lado "grande restaurante" da cozinha".

Um bistronomique, em essência, serve alta gastronomia num ambiente simples e descontraído. Comida de primeiro nível, preços lá embaixo (jantar de três serviços entre 32 e 45 euros, sem bebidas). Geralmente, os bistronomiques são pequenos bistrôs fundados por chefs que passaram por grandes restaurantes e que, na hora de abrirem o próprio negócio, não tinham nem grana nem disposição pra fazer um lugar grande, chique ou caro.

Quem ganha com essa dos bistronomiques? Eu e vocês, claro.

Já contei aqui que em setembro eu passei quatro dias no mato com um bando de chefs, na Lapônia. Pois estava lá o Iñaki Aizpitarte, um basco crescido e criado em Paris, super charmoso e divertido. Ele é dono, justamente, de um ótimo bistronomique chamado Le Chateaubriand.


Chef Iñaki Aizpitarte no Cook it Raw, evento de chefs na Lapônia

Chefs Iñaki Aizpitarte (à esq.) e Petter Nilsson (do La Gazzetta, em Paris)
Acabei descobrindo uma super novidade: Iñaki vai abrir um outro restaurante desenhado por ninguém menos que o starquiteto Rem Koolhas! Vai fazer parte de um projeto bem ambicioso de hotel com 80 quartos, piscina, club e jardins, que só deve sair do papel em 2012 ou 2013. E às margens do Sena!



Aproveitando que estamos nesse tema, achei que a lista a seguir poderia ser útil....

Os melhores "bistronomiques" de Paris:

Rue Dupin, 11, Sexto arrondissement, tel. 33 1 42 22 64 56
Um dos pioneiros da bistronomie, esse minúsculo bistrozinho tem grandes ambições culinárias. No menu, pratos como crocante de pé de porco com queijo de cabra fresco e alface frisée, e ris (glândula do timo) de cordeiro com fondue de espinafre e molho de lagostins.

Le Chateaubriand, chef Iñaki Aizpitarte
Av. Parmentier, 129, 11o arrondissement, tel. 33 1 43 57 45 95
O chef basco é dos bistronômicos mais audazes e usa e abusa de desconstruções, espumas e molhos inesperados. O serviço tem fama de ser meio rude, a não ser com habitués, mas o brilho do chef compensa a falha.

Spring, chef Daniel Rose
Jantar a 39 euros
Rue de la Tour d’Auvergne, 28, Nono arrondissement, tel. 33 1 45 96 05 72
O chef é americano, de Chicago, mas formou-se na França. O lugar é minúsculo e disputadíssimo. E a cozinha, de autor, pode combinar, por exemplo, escargots, foie gras e beterrabas cruas no mesmo prato.

La Régalade, chef Bruno Doucet
Avenida Jean Moulin, 49, 14o arrondissement, tel. 33 1 45 45 68 58
Jantar a 32 euros
O bistrô foi fundado por Yves Camdeborde, o pai da bistronomia em Paris, em 92. Ele passou por grandes cozinhas – culminando na do Le Crillon, sob a batuta do mentor Christian Constant, e ao abrir o Régalade lançou tendência ao servir um menu a preços ultra acessíveis e com serviço super descontraído. A coisa pegou, forte, e seus amigos chefs resolveram copiar a fórmula. Depois de 12 anos de sucesso ininterrupto, resolveu vender e partir pra outra. Quem tomou as rédeas foi Bruno Doucet (ex-Pierre Gagnaire e Apicius), que prudentemente mateve várias tradições do Régalade: o menu mudado semanalmente, a 32 euros, a terrine caseira servida para quem espera mesa, etc. O prato mais famoso é o soufflé ao Grand Marnier.

Le Comptoir, chef Yves Camdeborde
Le Comptoir, 9 Carrefour de l’Odéon, 6th Arr., Paris; 011-33-1-43-29-12-05
O mais cheio e badalado dos bistronômicos, foi aberto pelo chef Yves Camdeborde depois que ele vendeu o La Régalade, e fica num hotelzinho chamado Relais St. Germain, dele também. No começo da refeição, trazem à mesa um pão inteiro sobre tábua de madeira. Oferecem queijos afinados pela maison Boursault, com acompanhamentos: mel, geléia de pimentão e de blackberry, etc. No almoço e no jantar dos fins de semana, está mais pra brasserie. Mas nos jantares durante a semana vira um mini restaurante gastronômico, servindo menus degustação de 5 serviços a 32 euros. Imprenscindível reservar com MESES de antecedência!


Chez L’Ami Jean
Rue Malar, 7, tel. 33 1 47 -5 86 89
Jantar a 34 euros
Ruidoso, com garçons pouco pacientes e menu às vezes difícil de decifrar. Mas a comida maravilhosa compensa qualquer chateação. Carne de vaca desfiada com creme de cenoura, gazpacho com ravióli, bochechas de porco com penne, etc.



E mais:
Onde comer bem e barato em Paris, por Riq Freire no Viaje na Viagem