Chianti, uma região para 4 estações

por Antonella Kann

Tomando Siena como ponto de partida, o circuito não chega a 200 quilômetros. Procure sempre circular pelas estradinhas secundárias, que margeiam os vinhedos e atravessam os minúsculos vilarejos. Escolha uma cidadezinha para pernoitar e trace um circuito próprio. As distancias em Chianti são pequenas, porém é muito fácil se confundir, pois além das estradinhas sinuosas serem bem parecidas, a sinalização é um pouco confusa naquela região rural. Mas seja lá onde for parar, haverá sempre uma paisagem exuberante.



Mas, considerando que se trata de um dos recantos mais lindos e charmosos da Toscana rural, se perder faz parte do programa e a única surpresa fica por conta da paisagem exuberante que vai ser descortinada atrás de cada curva. Chianti é demarcada ao norte pela cidade de Florença e ao sul por Siena, que fica a apenas 20 km de alguns dos vilarejos mais atraentes da região. Logo após deixar a superstrada Firenze-Siena, é inevitável ( e fundamental) se embrenhar pela topografia montanhosa de Chianti.

O maior impacto é a sensação de estar voltando no tempo, pois a arquitetura local - composta por monumentos, igrejas, cidadelas fortificadas e castelos que datam dos séculos 14, 15 e 16 - permanece intacta. A explicação está em fatos históricos: após a 2ª Guerra, os habitantes das áreas rurais deixaram os seus vilarejos nativos e migraram para as grandes cidades. A região de Chianti ficou praticamente abandonada, mas graças a isso as suas construções seculares não foram desfiguradas pela arquitetura moderna que tanto enfeou os traços de belíssimas cidades.




Até porque a maioria das iguarias da região de Chianti encontradas nas prateleiras – vinhos, prosciutto, funghi porcini (cogumelos desidratados) queijos e óleo de oliva – são produtos relativamente caros. Mas mesmo sem comprar tudo que deleita os olhos, não deixe de entrar pelo menos uma vez naquelas mercearias familiares encontradas em toda cidadezinha, como as de S. Donato in Poggio e Castellina in Chianti .


E falando em guloseimas, gelato rima com pecato – pelo menos no idioma de Dante. A coincidência não é apenas fonética : o sorvete italiano faz qualquer mortal sucumbir à tentação e cometer o pecado da gula. Irresistíveis eles são, estes gelati expostos impiedosamente em vitrines em quase todas as esquinas, numa vasta seleção de sabores que atende por nomes tão cremosos quanto o seu paladar : sorbetto, granita, cassata, amaretto, fiori di latte, zapaione, bacio, fragola, frutti di bosco, nocciola, granito di limone, stracciatella, entre muitos outros que soam ainda mais pecaminosos.








Mas vamos lembrar que Chianti, antes de mais nada, tem uma prestigiosa tradição enológica. Devido às suas origens vulcânicas, o solo arenoso só se presta bem para vinhedos. Banhado por uma inusitada luz âmbar que banha os relevos da natureza, Chianti se transforma num quadro de indescritível beleza. A paisagem hipnotiza o visitante em qualquer época do ano. Nos meses de inverno faz frio, mas não é aquele frio de rachar. De inconveniente, há ventos fortes, mas pouca chuva, e o sol é suave nos dias claros. No outono, aquelas hordas de turistas demandantes já se dissiparam, o que permite rodar pelas cidadezinhas desafogadas.